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✕ ApresentaçãoVivemos tempos intranquilos, mas que tempo, em seus próprios termos, não se compreendeu assim? Vivemos tempos cheios de incertezas, mas não é possível imaginarmos a vida histórica e social como constitutivamente incerta, porque sempre aberta às ações dos mais diversos corpos e agentes?
Se dizer de um tempo que ele é intranquilo é dizer muito pouco sobre a singularidade do momento histórico, não parece ter o mesmo efeito de esvaziamento do sentido atribuirmos esta característica ao pensamento. Quando dizemos de um pensamento que é intranquilo ou incerto, parece que com tal gesto convocamos modos de pensar plurais e imprevisíveis que, por isso mesmo, desorganizam as disciplinas e os saberes, abrindo espaço, nesse movimento, à potência de imaginar outros modos possíveis de reflexão e atuação. O ensaio parece ser uma dessas formas intranquilas capaz de dar lugar à aventura do pensamento que se arrisca a pensar mesmo diante daquilo sobre o que ainda não se tem certeza — e sem garantias de que a certeza virá. O ensaio parece ser também a forma que abriga a reflexão produzida a partir de um encontro singular com obras de arte específicas e, na forma da crítica, leva a sério a aposta de que a arte pensa. Lugar limiar entre a experimentação formal, a criação artística e a reflexão teórica, por isso mesmo, não espanta a história do ensaio apresentá-lo como uma forma intermediária entre a literatura e a filosofia, tendo em vista que a aventura de um pensamento incerto reflita um modo de expressão também incerto, desviante: em uma palavra, experimental. O ensaio como uma forma de contato e, por isso, contágio entre as diversas formas e os diversos saberes. Deslocamento, trânsito, circulação, encontro. O ensaio, por fim, como arte do encontro e também como uma forma de amizade entre pessoas, temas, textos e contextos. Impedidos que estamos do contato pela ameaça do contágio que o novo coronavírus produziu, convidamos à experiência da reflexão sobre o ensaio como um antídoto parcial ao distanciamento causado pela pandemia. Ao longo de cinco tardes, sempre às terças-feiras, assistiremos a conversas entre intelectuais, professores(as) e pesquisadores(as) que se deparam com questões acerca do tema e guardam, entre si, afinidades que por vezes extrapolam a teoria. O primeiro ciclo Campo Aberto: conversas sobre o ensaio é uma iniciativa das investigadoras Jessica Di Chiara (PUC-Rio/NOVA-FCSH) e Rita Basílio (NOVA FCSH) em parceria com o Instituto de Estudos de Literatura e Tradição da Universidade Nova de Lisboa e do Grupo de Pesquisa Arte, Autonomia e Política da PUC-Rio. O segundo ciclo é organizado pelos investigadores Jessica Di Chiara (PUC-Rio/NOVA-FCSH), Rita Basílio (NOVA FCSH), Victor M Almeida (FBA ULisboa) e Sónia Rafael (FBA ULisboa) em parceria com o Instituto de Estudos de Literatura e Tradição da Universidade Nova de Lisboa, do Grupo de Pesquisa Arte, Autonomia e Política da PUC-Rio e o Centro de Investigação e Estudos em Belas-Artes da Universidade de Lisboa. |
O R G A N I Z A Ç Ã O :
Jessica Di Chiara (PUC-Rio/NOVA FCSH - IELT)
Rita Basílio (NOVA FCSH - IELT)
C O M I S S Ã O C I E N T Í F I C A :
Carlos Carreto (NOVA FCSH - IELT)
João Paulo Queiroz (CIEBA - ULisboa)
Manuela Rodrigues Fantinato (PUC-Rio)
Pedro Duarte de Andrade (PUC-Rio)
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